20 de jan. de 2009

O retrato dos "kxks" sul-americanos
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Bolivarianos e barbeiragens

No ano passado o primário evo morales, o Bolívar da Bolívia, decidiu nacionalizar os investimentos brasileiros em seu (seu?) país, defraudando o Brasil em muitos milhões de dólares e ainda impondo um aumento violento do preço do gás, que abastecia quase 80% das nossas necessidades, com 30 milhões de m3 por dia.
O nosso grande (des)governo acovardou-se, baixou as orelhas, o nosso kxk vomitou um pronunciamento anti nacional (pelo que deveria ter sido preso!) dizendo que os coitadinhos dos irmãos bolivianos deviam olhar pelos seus interesses, e deixou tudo “por isso mesmo”. Perderam-se os investimentos, negociou-se um novo preço para o gás e... o povo brasileiro paga! Como sempre.
Estes ano choveu muito. Todas as barragens estão cheias o que permite reduzir o consumo de gás nas industrias, trocando-o por energia elétrica, e anunciou-se ao amigo e camarada morales bolivariano que em vez de 30 só queríamos agora 19 milhões de m3/dia. O camarada ficou p. da vida, reclamou, xingou, chamou pela mãe (coitada da senhora), que assim o país perdia uma verba que lhe fazia muita falta, etc., etc. O nosso kxk lá se condoeu mais uma vez do camarada e em vez de 19 comprometeu-se a comprar 21, mas – haja Deus – foi avisando que não tarda (aliás tarda muito!) o Brasil será auto suficiente em gás, o que deve ter deixado o moralito apavorado sem saber onde vai enfiar aquele gás todo. (Acho que eu teria uma sugestão a dar-lhe nesse sentido!!!)
Entrementes os big kxks destas bandas reuniram-se junto à fronteira do Brasil, para discutir, uma vez mais aquilo que não vai nunca realizar-se: uma espécie de União Européia na América do Sul.
Declaração final do nosso super big kxk a propósito do desespero do outro kxk bolivari-venezuelano em conseguir aprovar no circo do seu congresso uma alteração constitucional que lhe permita ficar ad aeternum a comandar aquele país semi-falido apesar de ser um dos grandes produtores de petróleo: “Acho muito bem que o chavez se perpetue no poder, se for vontade do povo. O Uribe (que anda a tramar algo na mesma direção!) é que não, porque isso de ficar no poder o tempo que se queira é prerrogativa de governos de esquerda!”
Maravilha! Já tenho muitos anos, vi muita coisa, o Stalin e o Mao abocanharem o poder, e lá ficarem o quanto quiseram, mas declarações de tal modo, como direi, insensatas, para não dizer pior, desconhecia.
Isto é na chamada esquerda, porque a direita, lhe é semelhante. O presidente Sarkozy concedeu empréstimos bilionários para salvar os bancos que os seus administradores levaram à falência. Pois não é que os mesmos administradores querem empochar alguns milhões que lhes estariam prometidos por contrato para gerirem, e não por falirem, os mesmos bancos!
Sugestão ao Presidente da França: mande esses ladrões de presente ao chavez! Livre-se dessa corja de malandros e ineptos. Se não o fossem não teriam entrado em negociatas excusas e ruinosas, e ainda querem gratificação por isso!
Na verdade, até ao dia em que fecharmos os olhos, estamos a aprender, e a confirmar que a espécie humana está condenada à auto destruição!
do Brasil, por Francisco G. de Amorim
19 jan. 09

18 de jan. de 2009

" A coisa aqui tá preta..."

O país da camarada... gem !

O “camarada” Battisti”, um pseudo revolucionário vermelhusco italiano, há tempos, lá em terras etruscas, lembrou-se que não gostava de uns quantos indivíduos que não pensavam, como ele, em vermelho, e vá de passar a faca nos “inimigos”.
À sombra de pseudo filosofias trotskistas, ASSASSINOU quatro indivíduos e deu o fora da Itália. Para onde? Brasil, o país que acolhe ladrões, ditadores assassinos e outras belezuras, e por aqui se deixou andar até que a Itália descobriu o paradeiro do malandro e pediu a sua extradição. Acusação: quatro assassinatos, em país democrático, com eleições livres, etc.
O Brasil pensou, estudou as leis, analisou e quando estava pronto a despachar o facínora de volta à terra dele, o “camarada kxk* brasiliensis”, ao abrigo da democracia do proletariado ignorante que o colocou no pedestal de supremo magistrado na nação... concedeu abrigo POLÍTICO ao criminoso!
Como, de qualquer modo, quem manda hoje neste país são os revolucionários de há 30 anos, com direito, nos seus currículos, a assaltos a bancos, seqüestros e outras brincadeirinhas, o colega-camarada Battisti deve por aqui ficar, sentadão nas praias de Ipanema apreciando os “fios dentais” e a beber umas cervejinhas, e vai ainda (podem apostar que vai) conseguir um apoio financeiro do estado (de sítio!) brasileiro!
Viva a democracia stalinista!
Mas tem outro tipo de camaradas! Há uns sete anos, um cabeleireiro chamado Policarpo (nome inventado, mas história verídica), abandonou a mulher e três filhos e juntou-se ao grande amor da sua vida, um colega, também cabeleireiro, Evanildo, e desde essa época juntos vivem um lindo romance entre penteados e outros afagos.
Agora o tribunal confiou-lhes a guarda de quatro garotos, irmãos, abandonados por sua família, com idades entre os 4 e os 12 anos. Até aqui... bem... disfarcemos, mas o mais interessante é que o mesmo tribunal que tomou tal decisão, deu ordens para se emitirem novas identidades aos garotos que vão ter como pai e mãe... o Evanildo e o Policarpo!
Não se conhece quem ficará consignado como mãe, mas é indiferente. Só não é indiferente quando mais tarde os garotos tiverem que explicar isso aos amigos, que os vão ridicularizar, ou a outro juiz, que em perfeito juízo não poderá admitir que, quem quer que seja, tenha por mãe... dois pais.
Mas como esta é a terra da camarada... gem, ninguém precisa ficar preocupado. No fim tudo dá certo, e até os italianos que neste momento estão oficial e seriamente zangados com o Brasil... vão ter que engolir esta afronta jurídica!

* leia-se “caxique”!
do Brasil, por Francisco G. de Amorim
16 jan. 09

12 de jan. de 2009

Fauna, números, etc.
Quadro nr. 1






Quadro nr. 2












O Brasil é um “continente” de fauna riquíssima. Única. Milhares de espécies de peixes de água doce, milhares de pássaros, a maioria deles lindíssima e 394 macacos, mais um anumal, estranho, descoberto há pouco tempo, a que é dado o nome, em ortografia hodierna, de “KXK brasiliensis” (leia-se, com sotaque irlandês, ou viseense, kaxike!).
É uma espécie nova de primata, exemplar exclusivo, tipo homo mudus, homo cegus e homo surdus. Ao contrário da quase totalidade dos outros primatas, não gosta de ver televisão, nem de ouvir rádio, muito menos ainda de dar entrevistas, sobretudo as coletivas.
Talvez pela raridade do fenômeno a população do país tem por ele grande estima! E pasmem, ó gentes, admiração! Tudo quando ele sabe do que se passa ao seu redor é o que lhe contam os seus aduladores, os homo corruptus.
Manipulando a bel prazer a res publica, o país viu assim aumentados os seus gastos públicos burocráticos, e reduzidos de forma dramática os investimentos, surfando alegre e vaidoso na onda dos altos valores das commodities que levaram, em 2008, o mundo à bancarrota!
Agora, quando já algumas centenas de milhares de trabalhadores perderam os seus empregos... a música vai tocar de outro jeito.
Pelos quadros abaixo vê-se que o (des)governo tem sido uma calamidade, malgré a plebe aplaudir, eufórica e sorridente o descaso e o abandono.
O primeiro quadro compara a diferença entre 1995 e 2005. Com receitas quase 283% acima, o custo da máquina administrativa aumentou 1.280%, e os investimentos no país, no desenvolvimento, somente 10,5%.
Pior ainda quando se analisa o ano de 2008, no quadro nr. 2! Chamar calamidade a esta (des)governação, é pouco. Vejam e comparem com atenção
Este é país dos absurdos! Houve agora mudança na governança dos municípios.
Num deles o prefeito de saída, à última hora, assinou a compra de 290.000 embalagens de papel higiênico! Dá para uns três anos de muita dor de barriga em toda a administração municipal! Já um outro, que não conseguiu segurar o cargo mandou colocar debaixo da mesa do novo eleito um presentinho: uma cobra coral, uma das mais venenosas do país!
Assim o país vai sendo levado, ao sabor da estupidez e do descaso, valendo-lhe o povo que trabalha e aquela benção deixado por Caminha: “planta, planta, que em se plantando tudo dá”!
Até estas espécies de mentecaptos, homos ineptus e corruptus.
do Brasil, por Francisco G. de Amorim
12 jan. 09

5 de jan. de 2009



O futuro da Amazônia: retalhada e queimada ?


Povo, nação, etnia, tribo ?

Foi há pouco editada em Portugal uma revista, “Nova Águia”, que tratou com muita profundidade o conceito de “Pátria”, (ver comentário, “Pátria”, neste blog, Set/2008).
Se é confuso o conceito de “Pátria”, talvez mais seja o de “Nação”, “Povo”, “Etnia”, um pouco menos o de “Tribo”.
O povo americano começa agora, e só agora, a constituir-se numa unidade, depois que um descendente de africano chega ao topo de todas as escalas sociais e políticas. Antes disso, os americanos eram um conjunto (meio desconjuntado!) de povos - anglo-saxões, latinos, afro descendentes, índios, asiáticos, etc. - obrigatoriamente debaixo do comando duma bandeira, mas com a certeza de, estes últimos, se sentirem sempre em terra alheia. A conquista de Obama derrubou este conceito e provou que o povo americano pode vir a ser um só, unido, e assim se transformar numa grande Nação.
Os países europeus, ex coloniais, assistem, impotentes, com obrigação e desagrado, à sua população crescer só através da constante chegada de gente das antigas colônias, de África, Médio Oriente, Índia, Paquistão, e diversas outras origens, que, não tarda, sobrepujarão as populações “autóctones” do século XVIII ou XIX. Como ficará a noção de “povo” em França, Inglaterra, Portugal e Espanha? Qual povo? O original ou o total?
Os países saídos da expansão ultramarina, no século XVI e XVII, foram-se formando com gente nova, para quem a idéia de nação ou pátria ainda nem sequer se punha. Hoje, com o mundo dominado pela hipocrisia e ganância, entrou em campo a xenofobia, a argumentação dos antepassados, primeiros (?) ocupantes daquelas terras, mas sobretudo o olhar ávido para as riquezas naturais, sobretudo petróleo, ouro e outras de lucrativa exploração.
Muito se tem falado, e não se vão calar, sobre as terras e as gentes da Amazônia. Até o presidente Sarkozy, na sua recente estadia entre nós, se permitiu afirmar que a “Amazônia pertence a todos”! “Todos”, quem?
Os jogos políticos em torno desse imenso território, rico de tanta coisa que o torna crítico, têm sido grandes, e estão em vésperas de se tornarem extremamente complicados.
O caso da Reserva da Raposa do Sul, fronteira com a Venezuela e Guiana, 1.750.000 hectares (quase o dobro de Portugal), onde vivem cerca de 20.000 índios de diversas tribos, ou etnias, põe em causa a soberania do Brasil sobre esse imenso território. Aqui se estabeleceram, há alguns anos agricultores brasileiros a produzir arroz (170.000 toneladas/ano) em risco de serem corridos da região. Ocupam cerca de 100.000 hectares, e assim mesmo nas áreas periféricas.
O total das reservas indígenas do Brasil alcança já cerca de 13% de todo o território nacional, cerca de 1.106.000 quilômetros quadrados, duas vezes a França, para um total – número exagerado – de 480.000 índios ou seus descendentes já misturados. Se dividirmos toda esta terra pelo número de índios que, dizem, nela vivem, daria uns 230 hectares por cabeça! Todos latifundiários!
Algumas tribos praticam ainda, com o beneplácito da FUNAI e de alguns missionários, o assassínio dos filhos, quando não gostam do sexo com que estes bebês vêm ao mundo (ver artigo – INFANTICÍDIO – do prof. Denis Rosenfield) e há quem continue a defender um tipo de vida “em harmonia com a natureza”, desde que possam usar rádios, panelas de alumínio, roupas e camisetas com estampados publicitários, facas e facões, bicicletas e até carros de alto valor que os garimpeiros oferecem a alguns caciques para poderem explorar ouro em “suas” terras!
Até hoje, e muito tenho escrito sobre o assunto, o Brasil, com honradíssimas exceções, esqueceu-se dos índios. Agora nalgumas localidades já se começa a ensinar a ler nas línguas nativas o que é importantíssimo porque não há livros nessas línguas, em vez de se fazer, volto a repetir, o ensino, em todo o país, da língua oficial, o português, e ainda da língua nativa de cada região, para que o patrimônio cultural e histórico não se perca mais.
Não é de admirar que qualquer dia se percam também os milhões de quilômetros quadrados desses territórios/reserva. Que afinidade une esses povos ao Brasil como um todo? Língua? Cultura? Nível de vida?
Devemos considerar os índios, ou cada uma das largas dezenas de “tribos” deste país, algumas sem qualquer possibilidade de se comunicarem com outras por terem línguas diferentes, como grupos tribais, etnias diferentes, nações indígenas ou... povos ... ?
E será que, com a (des)política que tem até hoje vigorado, algum dia vão conseguir ser brasileiros integrados, e um deles possa seguir as pisadas de Obama, sem cair na caricatura do pobre índio xavante, Juruna, que elegeram deputado e acabou quase na miséria?
do Brasil, por Francisco G. de Amorim
5 jan. 09
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INFANTICÍDIO

Denis Lerrer Rosenfield
em “O Globo” de 05/jan/09

O Brasil está sendo tão acometido da sanha do politicamente correto que o olhar de muitos não consegue ver coisas que acontecem ao nosso redor. Assim, há em curso uma tentativa de resgate de nossa História que está escorregando no seu contrário, como quando os indígenas são vistos segundo a ótica do "bom selvagem", no sentido de Rousseau. A política indigenista aí enraizada, com apoio explícito de movimentos ditos sociais, termina por pactuar com comportamentos que atentam diretamente contra a própria Constituição. Em nome do relativismo moral, da igualdade entre todas as culturas, comportamentos dos mais inusitados, para não dizer bárbaros, são admitidos.
Há vários relatos de infanticídios entre as populações indígenas, que são simplesmente tolerados, se não explicitamente admitidos, em nome da igualdade entre culturas. As causas podem ser as mais variadas, desde a existência de gêmeos, até a escolha de sexos, passando pelos mais distintos motivos. Em terra ianomâmi, tão celebrada como exemplo de política indigenista, tudo indica que se trata de uma prática comum.
Observe-se que esses índios são os que vivem mais à parte do contato com os civilizados, embora em muitas aldeias existam postos da Funai e da Funasa. Habitam um imenso território e, no entanto, vivem subnutridos, o que é visível à simples observação dos homens e das mulheres. O argumento de que amplas extensões de terras são fundamentais para a sua reprodução física parece não se sustentar, dadas as suas condições precárias de vida. A ideia do bom selvagem em condições idílicas parece ser mais um produto ideológico da Funai, do Cimi e dos movimentos sociais em geral.
Numa das aldeias é comum o relato do infanticídio enquanto prática cultural dessas populações. Nas palavras de um interlocutor: matar ou não um recém-nascido é uma "decisão dos pais".
Ou seja, cabe ao livre arbítrio dos pais manter ou não em vida um recém-nascido, não havendo nenhuma lei que se sobreponha a esta. Neste sentido, eles se situariam fora ou acima da Constituição brasileira, que assegura o direito à vida. Os argumentos apresentados podem ser vários, desde o tamanho da roça até o fato de os indivíduos do sexo masculino serem privilegiados, com a morte conseqüente de recém-nascidos do sexo feminino. Imaginem se tal prática fosse universalizada, tornando-se válida para todos os brasileiros?
Ora, quem sustenta o infanticídio como sendo apenas uma prática cultural com pactua, na verdade, com um crime severamente punido pela legislação brasileira. Os indígenas são, assim, tratados como se não fossem .brasileiros, a lei não se aplicando a eles. Temos aqui um evidente paradoxo: como a Constituição brasileira não se aplicaria a eles, estando suas aldeias situadas em território nacional, e sendo auxiliados e mesmo apoiados por instituições do Estado? Como pode uma cláusula pétrea ser relativizada desta maneira?
Ainda numa outra aldeia, da mesma tribo, há relatos de que o infanticídio seria cometido com o conhecimento de missionárias aí instaladas.
As mulheres vão para o mato antes do parto, costumam ter seus filhos sozinhas, voltando, depois, sem o recém-nascido. A morte é feita por sufocamento, com a mãe asfixiando a criança no chão, com o pé. A situação não poderia ser mais escandalosa, pois esse tipo de conivência contraria frontalmente os princípios do cristianismo e, de modo mais geral, de toda a Humanidade. Os princípios mesmos do Evangelho são frontalmente desrespeitados. Como pode uma prática dita cultural se sobrepor a um princípio universal? Salvo se partirmos de uma outra posição, a saber, a inexistência de princípios universais, o que equivaleria a remeter toda a Humanidade à barbárie. Por que não reintroduzir, então, a antropofagia, prática que foi comum a determinadas tribos da História brasileira, em nome da "igualdade" entre diferentes culturas?
A situação deveria suscitar a indignação moral.
Em nome de uma "prática cultural", haveria conivência com o assassinato de recém-nascidos, como se esta prática devesse ser "culturalmente" reservada. Ou ainda, em nome do "estruturalismo", é como se devêssemos abdicar de nossa capacidade de julgar. No entanto, parece haver uma tergiversação geral sobre o assunto, envolvendo s diferentes autoridades envolvidas. Trata-se de uma manobra propriamente política junto à opinião pública brasileira, que desaprovaria tal prática se dela tivesse conhecimento. Vendem, porém, um outro produto, o de que os indígenas são "bons selvagens", havendo uma harmonia natural entre eles, como se o assassinato, por exemplo, fosse fruto do mundo civilizado. Para que possam guardar as suas respectivas posições de poder, continuam insistindo nesta idéia rousseauniana ao arrepio completo da verdade.
A opinião pública condena severamente o infanticídio. Uma menina, que tria sido assassinada pelo pai e pela madrasta, atirada de um edifício, ocupou durante semanas o noticiário radiofônico, televisivo e impresso do país, causando indignação geral. Produziu uma verdadeira comoção nacional. Outros casos são também relatados com detalhes, produzindo uma intensa reação e suscitando fortes emoções. Mesmo Criminosos, nos presídios, não compactuam com essa prática, procurando eliminar fisicamente os que realizam tais atos. O próprio "código" dos criminosos exclui essa prática, por se colocar fora dos parâmetros de qualquer tipo de humanidade. Por que seria ela tolerável entre os indígenas? No fundo, o que está em questão, para aqueles que defendem tais posições ou são omissos em relação a elas, é o medo da perda de suporte junto à opinião pública. Se fossem mostrados coniventes e cúmplices com tal prática, perderiam sustentação e seriam forçados a abdicar de suas posições ideológicas e políticas. Eis por que o ocultamento é aqui a regra.

Denis Lerrer Rosenfield é professor de filosofia na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

3 de jan. de 2009

O nascer de um
Novo Ano

Para aqueles que não sabem, moro no Rio de Janeiro, no alto de um morro, a uns 100 metros de altura, semi isolado, rodeado de árvores e, pela generosidade da natureza que insiste em sobreviver, rodeado também de pássaros, uns com residência fixa aqui por perto, outros que todos os dias nos rendem rápida visita, como gaviões, maritacas, papagaios e tucanos, muita lagartixa, vez por outra uma cobra, uns quantos mosquitos e incômodos maruins, sendo a maior luta contra os cupins, ou salalé, que surgem de todos os lados, inclusivamente de dentro das paredes, para lerem com os dentes, uma porção de livros, alguns deles insubstituíveis. É o preço do mato, de qualquer maneira jamais substituível por qualquer cidade. Nem Paris!
Uns pássaros cantam de dia, outros à noite, sempre cantos melodiosos e doces, e muitos descaradamente se aproveitam da ração que damos aos nossos cães, fazendo até habilidades para comerem o granulado. Quando é grande, e não passa na goela dos menores, estes praticam uma tecnologia admirável: roubam uma bolota de ração, depois voam até uns 3 ou 4 metros de altura, soltam o granulado que se desfaz ao bater no chão e... assim fica a refeição facilitada!
Ainda o ano novo não tinha despontado cantava ainda um passarinho que todos os princípios e fins de noite chama pela bem amada! Não sei que “marca” é, porque não o consigo enxergar no meio das árvores, mas o seu canto repetido pareceu-me que chamava por “Deodorim”! Isso mesmo Deo-do-rim, Deo-do-rim, Deo-do-rim!
Lembrei-me do “Grande Sertão: Veredas” um dos mais importantes romances da literatura brasileira, de João Guimarães Rosa, que, há muitos anos, antes de ter chegado ao Brasil não havia conseguido ler. A história de jagunços e caipiras com sua fala própria e termos regionais, só me foi possível compreender ao fim de algum tempo do meu abrasileiramento!
Deodorim a heroína, vestida de jagunço, que sempre lutou com valentia de herói e só depois de morta revelou a sua condição de mulher! Seu chefe e companheiro de luta, Riobaldo, chorou a perda do amigo e mais ainda quando viu que ela era uma linda donzela, Maria Deodorina de Deus, por quem sempre sentira uma atração confusa!
Todos os dias, quando anoitece, e antes de amanhecer, este passarinho, que agora passou a ser o Riobaldo, durante algumas horas chama, num canto doce e meio triste, pela sua linda Deodorina!
“Riobaldo”, não desiste. Um dia a sua Deodorina vai reaparecer, assim como a esperança em melhores dias para todos os que sofrem!
Deo-do-rim, deo-do-rim, deo-do-rim!
Não há dúvida de que os “pássaros de outras terras não gorjeiam como cá”!
do Brasil, por Francisco G. de Amorim
3 jan. 09