O ensino em Angola
nos tempos muito idos!
nos tempos muito idos!
Sempre se reclamou em Angola, bem como em todas as outras colónias portuguesas, da falta de conveniente ensino para todos. E tinham razão. Mas como podia Portugal dar a esses territórios o que ele mal tinha, quando tinha, dentro da sua metrópole?
A educação nos sertões, e quase só em Angola, estava a cargo das missões católicas, mas estas, sobretudo a partir da expulsão dos jesuítas, entram em decadência, maior ainda no final do século XVIII com as novas idéias da Revolução Francesa, depois a abolição das ordens religiosas, e a falta cada vez mais notória de “vocações”. Isto além do pouco tempo de vida que os dedicados missionários tinham naquele inóspito e doentio clima. Alguns chegavam ao seu destino já em padiola, carregados de febres, para morrerem sem se terem podido sequer levantar!
Sem querer fazer história, ou muito menos ensiná-la a quem quer que seja, é bom ir um pouco atrás e ver como Portugal entrou em franca decadência já no reinado de D. João III, O Piedoso introdutor da Inquisição!
Depois de Afonso de Albuquerque a Índia não cresce mais. Angola nesse tempo mal começa a despertar para os grandes negócios da escravatura, levando-se dali, quase como um “troco”, também marfim e cera, e vai consumindo gente que, face à aspereza do clima, dizimava europeus com uma velocidade impressionante.
O tempo vai passando e o Brasil é a única esperança de Portugal, sempre violentamente atacado no mar e terra por amigos ingleses e holandeses, e “inimigos” como os franceses. Mas cresce, e cresce com a mão de obra que os potentados africanos, sobretudo angolanos, lhe forneciam nas quantidades necessárias. E não só aos portugueses, porque traficavam, praticamente à vontade, nos portos de Angola, negreiros franceses, ingleses, dinamarqueses e outros!
As tentativas de colonização sempre deram errado. Em 1792 formou-se em Inglaterra uma sociedade de colonização que junto com a Companhia Francesa do Senegal, decidiu levar para a Guiné, para uma colônia agrícola, 275 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, chegando aos Bijagós em Maio desse ano. Era a primeira vez que o povo dali via mulheres brancas, o que lhes causou surpreendente repulsa! Mas o clima não era para ingleses. Não tardou a que a maioria pedisse o repatriamento, o que se fez, tendo ficado somente 91. Em Novembro a doença tinha comido neles, e sobravam só 28, em Janeiro 13 e em Julho 7. Acabou-se a experiência inglesa na Guiné.
Quase duzentos antes da criação dos Estudos Gerais, em Angola e Moçambique, nome que se lhe dava para não ferir suscetibilidades aos doutores universitários em Portugal, um ano antes desta tentativa de colonização, em 1791, governava Angola D. Manuel de Almeida e Vasconcelos que, seguindo ordens recebidas da Corte, funda em Luanda aulas de medicina e anatomia! Aqui começam, de fato os Estudos Gerais de Angola. E ainda de geometria e matemática, tendo como primeiro mestre o segundo tenente de Artilharia António Manuel da Mata, enquanto sua mulher D. Tereza Maria de Albuquerque se encarregava duma escola feminina de “ler, escrever e contar”!
A seguir, no governo de D. António Saldanha da Gama, tentou-se levar para Angola a vacina anti-variólica, mas sem resultado. Mas prosseguem as aulas de matemática e geometria confiadas a outro oficial de Artilharia Francisco de Paula e Vasconcelos.
Nessa época a população total de Luanda, onde se concentravam os europeus e os angolanos mais evoluídos em estudos, alguns que já saberiam ler e escrever, não passava de 6 a 7.000 almas – de todas as cores, se é que alma tem cor! - depois de um acentuado declínio nos últimos dez anos de cerca de um terço da população! Decadência do comércio, clima, etc. tinham reduzido Luanda a uma situação de extrema penúria e dificuldade.
Assim mesmo, e com vista a um maior e melhor desenvolvimento, a Coroa, ainda no reinado de D.Maria I, já louca desde 1792, e portanto sob a regência do príncipe depois rei D. João VI, decide criar estudos superiores, e valorizar o conhecimento das mulheres.
Infelizmente estas tão louváveis iniciativas não tiveram a continuidade necessária e interrompeu-se assim um dos melhores meios de valorizar as gentes angolanas e a própria terra.
A educação nos sertões, e quase só em Angola, estava a cargo das missões católicas, mas estas, sobretudo a partir da expulsão dos jesuítas, entram em decadência, maior ainda no final do século XVIII com as novas idéias da Revolução Francesa, depois a abolição das ordens religiosas, e a falta cada vez mais notória de “vocações”. Isto além do pouco tempo de vida que os dedicados missionários tinham naquele inóspito e doentio clima. Alguns chegavam ao seu destino já em padiola, carregados de febres, para morrerem sem se terem podido sequer levantar!

Sem querer fazer história, ou muito menos ensiná-la a quem quer que seja, é bom ir um pouco atrás e ver como Portugal entrou em franca decadência já no reinado de D. João III, O Piedoso introdutor da Inquisição!
Depois de Afonso de Albuquerque a Índia não cresce mais. Angola nesse tempo mal começa a despertar para os grandes negócios da escravatura, levando-se dali, quase como um “troco”, também marfim e cera, e vai consumindo gente que, face à aspereza do clima, dizimava europeus com uma velocidade impressionante.
O tempo vai passando e o Brasil é a única esperança de Portugal, sempre violentamente atacado no mar e terra por amigos ingleses e holandeses, e “inimigos” como os franceses. Mas cresce, e cresce com a mão de obra que os potentados africanos, sobretudo angolanos, lhe forneciam nas quantidades necessárias. E não só aos portugueses, porque traficavam, praticamente à vontade, nos portos de Angola, negreiros franceses, ingleses, dinamarqueses e outros!
As tentativas de colonização sempre deram errado. Em 1792 formou-se em Inglaterra uma sociedade de colonização que junto com a Companhia Francesa do Senegal, decidiu levar para a Guiné, para uma colônia agrícola, 275 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, chegando aos Bijagós em Maio desse ano. Era a primeira vez que o povo dali via mulheres brancas, o que lhes causou surpreendente repulsa! Mas o clima não era para ingleses. Não tardou a que a maioria pedisse o repatriamento, o que se fez, tendo ficado somente 91. Em Novembro a doença tinha comido neles, e sobravam só 28, em Janeiro 13 e em Julho 7. Acabou-se a experiência inglesa na Guiné.
Quase duzentos antes da criação dos Estudos Gerais, em Angola e Moçambique, nome que se lhe dava para não ferir suscetibilidades aos doutores universitários em Portugal, um ano antes desta tentativa de colonização, em 1791, governava Angola D. Manuel de Almeida e Vasconcelos que, seguindo ordens recebidas da Corte, funda em Luanda aulas de medicina e anatomia! Aqui começam, de fato os Estudos Gerais de Angola. E ainda de geometria e matemática, tendo como primeiro mestre o segundo tenente de Artilharia António Manuel da Mata, enquanto sua mulher D. Tereza Maria de Albuquerque se encarregava duma escola feminina de “ler, escrever e contar”!
A seguir, no governo de D. António Saldanha da Gama, tentou-se levar para Angola a vacina anti-variólica, mas sem resultado. Mas prosseguem as aulas de matemática e geometria confiadas a outro oficial de Artilharia Francisco de Paula e Vasconcelos.

Nessa época a população total de Luanda, onde se concentravam os europeus e os angolanos mais evoluídos em estudos, alguns que já saberiam ler e escrever, não passava de 6 a 7.000 almas – de todas as cores, se é que alma tem cor! - depois de um acentuado declínio nos últimos dez anos de cerca de um terço da população! Decadência do comércio, clima, etc. tinham reduzido Luanda a uma situação de extrema penúria e dificuldade.
Assim mesmo, e com vista a um maior e melhor desenvolvimento, a Coroa, ainda no reinado de D.Maria I, já louca desde 1792, e portanto sob a regência do príncipe depois rei D. João VI, decide criar estudos superiores, e valorizar o conhecimento das mulheres.
Infelizmente estas tão louváveis iniciativas não tiveram a continuidade necessária e interrompeu-se assim um dos melhores meios de valorizar as gentes angolanas e a própria terra.
do Brasil, por Francisco G. de Amorim
10 ago. 09
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