28 de set. de 2009

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É difícil de acreditar, mas cada vez o nosso (des)governo mente mais, desacredita mais o país e até, pela primeira vez na sua história - esquecendo a trsite página da Guerra do Paraguai - se lamenta de não ter comprado os aviões de guerra há mais tempo... para ir em socorro do bandido conhecido por Zelaya!
Diz o big líder que não aceita mais golpes militares na América do Sul! Maravilha! Mas o que vai acontecer no Brasil se o PT perder as eleições de 2010? Quem vai segurar as forças armadas do MST?
É uma tristeza vermos o descaso e o desprezo pelo bom senso, pela autêntica democracia/liberdade, mas... o que esperar de um governante despreparado comandado por uma equipa de bolcheviques loucos com o poder e com tanto dinheiro à disposição?
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Pantomima

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DENIS LERRER ROSENFIELD

A pantomima parece não ter limites. A política exterior brasileira está enveredando, perigosamente, pelos caminhos bolivarianos, ditatoriais, que rompem com décadas de neutralidade e não ingerência em assuntos de outros païses. O caso de Honduras é, particularmente, aterrador, pois, em nome da democracia totalitaria, estão sentando as bases de supressão da liberdade.
Façamos, primeiro, um breve retrospecto. Lula e Amorim* realizaram, nos ultimos anos, périplos por paises africanos, que têm em comum o menosprezo pela democracia e pelas liberdades em geral. Trata-se de países ditatoriais, que foram considerados pelo nosso governo como dignos parceiros de reconhecimento internacional. 0 ex-terrorista e ditador Kadhafi chegou a ser considerado como um irmão. Irmão de quê? De empreitadas ditatoriais, de uma pessoa há décadas no poder e exercendo uma dominaçao inflexível sobre o seu próprio povo.
Seguindo a mesma linha, a diplomacia brasileira permaneceu silenciosa sobre o genocidio do Sudão, onde mais de 200.000 pessoas foram assassinadas, não contabilizando aqui as pessoas esquartejadas, mutiladas e estupradas. Em nome do quê? Da não ingerência nos assuntos de outros Estados. Qual foi, então, o recado? Assassinar o seu próprio povo pode, em nome da soberania interna.
0 caso do Irã, do "presidente" Ah-madinejad, foi — e continua — escandaloso. As eleições foram fraudadas, o povo iraniano foi a rua, até alguns aiatolas ja não suportam o despotismo em vigor naquele pais, pessoas foram torturadas e assassinadas em prisões. 0 governo brasileiro se contentou em dizer que se tratava de um mero jogo de futebol, em que os perdedores tinham ficado insatisfeitos, Na ONU, Lula, agora, reiterou a mes-ma posição de menosprezo aos direitos humanos. Temos uma prova tangível da podridão dessa esquerda que traíu, inclusive, os ideais de Marx. Fechou questão com o islamismo totalitario. Como se não bastasse, um "presidente", que se caracteriza pelo antissemitismo militante, propugnando pela eliminação do Estado de Israel, é convidado a visitar o Brasil. Provavelmente, em nome de uma qualquer "solidariedade" internacional, a dos déspotas.
Frente a esse quadro, que é um quadro de horror, a "nossa" diplomacia, ou melhor, a "deles", a dos bolivarianos com afinidades totalitárias, patrocina e é conivente com a volta de Zelaya a Honduras. Só um tolo acreditaria nas palavras de "diplomatas" (sic!), segundo os quais o Brasil s6 soube do ingresso do ex-presidente bolivariano, de tendências golpistas "democráticas", quando ja tinha ingressado naquele país. Ainda conforme o nosso "chefe" do Itamaraty, deu-Ihe "boas-vindas", oferecendo-lhe a hospitalidade brasileira. Pelo menos, Zelaya e sua mulher foram "honestos' ao agradecerem ao chanceler Amorim e ao presidente Lula o seu apoio.
Para acreditar na versão oficial, é necessário acreditar em duendes. Os cidadãos brasileiros são tidos por crédulos, mal-informados ou, melhor, tolos. Nada bate com nada nas versões oferecidas, salvo o seu objetivo de dar o máximo de sustentação ao projeto bolivariano do golpista fracassado Zelaya. 0 que é para eles insuportavel é que ações inconstitucionais tenham sido abortadas pela Corte Suprema daquele país, pelo Legislativo e pelos militares. Querem encobrir tudo isto, dizendo que se tratou de um "golpe militar", que a América Latina não pode mais suportar.
0 que pode a América Latina suportar? Deve suportar a subversão da democracia por meios democráticos, com destaque para eleições e assembleias constituintes. Deve suportar a eliminação da divisão de poderes, com líderes máximos solapando progressivamente todas as instituições representativas. Deve suportar a eliminação da liberdade de imprensa, num cenario liberticia que relembra a vereda totalitária de uma esquerda, que já nem mais sabe o significado de valores universais. As palavras começam a perder o seu sentido, ganhando um novo, que guarda uma remota ligação com o seu significado original.
A diplomacia brasileira fala que concedeu refugio a Zelaya. Como assim? Ele estava sendo perseguido dentro de seu proprio país? Precisa ele de asilo? Ora, trata-se de uma pessoa que foi obrigada a deixar o poder por conspirar contra a Constituiço. Por isto, foi ele conduzido para fora de seu próprio país, sem que tivesse sofrido dano físico, nem tenha estado a sua vida em perigo. 0 que a diplomacia brasileira fez foi patrocinar a sua volta a Honduras, em aliança com Hugo Chavez, que reconheceu ter organizado toda a operação. 0 Brasil atrelou-se à Venezuela. A diplomacia brasileira está se ingerindo nos assuntos internos de outro país, numa escancarada violação da Constituição brasileira, das Cartas da OEA e da ONU.
Numa completa tergiversação, o chanceler Amorim pede que o governo de Honduras não pratique nenhuma violência contra o bolivariano Zelaya. Ora, é a diplomacia brasileira que está suscitando violência e tumulto naquele país. Os mortos já se contam. Os bolivarianos estão entrincheirados na embaixada, a partir da qual fazem manifestações públicas e organizam os seus partidários para levar a cabo o seu projeto de subversão da democracia. Como são politicamente corretos, dizem estar defendendo a democracia.
Na subversão do sentido das palavras, clamam que não reconhecerão as eleições em curso. Como assim? Por que elas estavam previstas na Constituição, antes mesmo da deposição de Zelaya? Nao faz o menor sentido! As eleições seguem um cronograma constitucional, num regime de plenas liberdades, em particular de imprensa e partidária. É precisamente isto que se torna insuportável para esses socialistas autoritários.
Os países que parecem encantados com os cantos bolivarianos, como os EUA e os países europeus, estao cor-tando as fontes de financiamento deste pequeno país resistente. Enquanto isto, Lula negocia com Obama o fim do em-bargo comercial a Cuba. Deve estar fazendo isto em nome da democracia!

DENIS LERRER ROSENFIELD é professor de filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

* Já aqui afirmei que este Amorim NADA TEM A VER COM A MINHA FAMÍLIA. Graças a Deus. Azar o meu de haver gente assim com o mesmo nome!




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