28 de nov. de 2008



DECOLORES

Nos tempos cada vez mais incertos e inseguros em que vivemos, quando a tecnologia nos traz simultaneamente benefícios e desgraças, o homem, e a mulher, em vez de procurarem ir ao encontro de Deus, seja qual for o nome que lhe dêem, e a forma como O concebem, visam sobretudo o seu mundo externo, a sua aparência, a ganância, o poder.
As maiores potências do mundo, as maiores fabricantes de armamento, gastam fortunas em lutas contra terrorismo, a quem fornecem as armas que depois matam indiscriminadamente, sobretudo inocentes civis de ambos os lados, e não só.
Vive-se um mundo em que a mentira se sobrepõe à singeleza e à verdade, em que se ignora o que está na posição mais baixa, em que se estimula o consumo e o crédito fácil para continuarmos a assistir ao sufoco financeiro da maioria.
É bom lembrar alguns terríveis governantes que só deixaram má memória a quem falta coragem para lhes reconhecer o mérito que também tiveram. Um deles, o tão mal tratado, post mortem, Salazar e tão reabilitado por uma consulta popular feita há pouco tempo, dizia que quanto mais dinheiro se puser na mão do povo, mais sufocado ele vai ficar, porque vai querer comprar tudo, endividar-se e viver desgraçadamente.
Parece profecia. E é. Hoje a maioria da população vive de crédito. E não tem como pagar. Depois os bancos transferem esses créditos podres para a mão dos governos que lhes acodem com milhões que vai sair do bolso de quem? Dos mesmos. Dos trabalhadores, da classe média, sobretudo. E gira a roda do infortúnio.
Grande sorriso na cara, os funcionários das empresas prestamistas são como terroristas: sabem que estão a promover a desgraça de quem cai na sua cantiga.
Já não se sabe mais quem é amigo ou inimigo. Dificilmente se encontra um governo que mereça a aprovação do povo. Surgiu agora uma esperança com Barak Obama, e o mundo torce para que ele faça milagres. Mas um milagre ele não fará: reduzir ou até acabar com a produção de armas! Nem ele nem ninguém. Pelo contrário; os países fabricantes continuam a destinar verbas astronômicas para o desenvolvimento de artefatos com maior poder destrutivo. Destrutivo de vidas humanas e de todo o meio ambiente.
No norte da Espanha, no tempo das lutas contra os sarracenos, as populações das zonas de conflito nunca sabiam quando e quem viria perturbar o seu sossego. E os peregrinos que, de quase toda a Europa se dirigiam ao túmulo do apóstolo Tiago, em Santiago de Compostela, enfrentavam muitas vezes, se não a fúria, a desconfiança dessas populações.
Criaram então uma palavra de “passe” que lhes permitia serem reconhecidos, e acolhidos, ao longo de todo o imenso percurso, por vezes de milhares de quilômetros, que faziam, cheios de fé e paz interior. Iam rezar junto ao Santo. Não consta que lhe fossem pedir armas ou mais guerras, ou fome ou peste. Procuravam paz. Paz interior e para o mundo. Alma alegre, aberta, viçosa, colorida. A palavra estabelecida para serem reconhecidos foi “DECOLORES”.
Cerca de mil anos mais tarde essa mesma palavra foi adotada por um Movimento que levava os homens a melhor conhecerem e seguirem a Cristo. O Movimento dos Cursilhos de Cristandade. Com que alegria cristã eles se cumprimentavam com o “Decolores”.
O mundo está cada vez mais preto e branco; está cinza.
O que é que cada um de nós pode, e deve, fazer para o tornar, todo, “Decolores”?
do Brasil, por Francisco G. de Amorim
29-nov-08


O povo simples é sábio.


Sabedoria milenar

Há talvez uns 3.000 anos, Lao Tsé no famoso livro Tao Te, a certa altura nos aconselha:

Acabai com o estudo, e não haverá mais preocupações.
Se é difícil dirigir o povo, é porque sabe demais.
Por isso, aquele que o dirige pelo saber, é o ladrão do seu país,
e aquele que o dirige pela ignorância, a felicidade do povo.

Tantos são os exemplos que a história nos apresenta que se torna até monótono repetir passagens que mostram a sabedoria do grande Lao.
Parece que ele nos quis dizer que a ignorância pressupõe uma vida simples, profundo contato e respeito pela natureza, e que a sabedoria acaba por colocar os homens em confronto, ou em total desrespeito e desprezo para com o próximo.
Estamos a assistir a um monstruoso desastre económico de dimensões planetárias e isso, sem dúvida, que se deve aos “espertos” que durante anos procuraram tirar vantagem dos mais incautos.

Quanto mais meios para ganhar, tanto mais confusão nos Estados e suas famílias.
Quanto mais inventivos e espertos os homens mais coisas astutas aparecem.
Quanto mais leis e decretos, tanto mais bandidos e ladrões.

Vemos também a profusão de horrendos atos de terrorismo, dizimando indiscriminadamente civis, políticos e militares, alguns com pretensa desculpa de serem contra os governos estabelecidos (bem ou mal) outros por puro ódio, e sobretudo pelo alastrar de “filosofias” fundamentalistas/extremistas, que se considerava deveriam estar extintas no século XXI, e parece que cada vez estão mais ativas. Outros ainda com a argumentação de não tendo fontes de rendimento se permitem assaltar, extorquir, matar.
Mais adiante diz-nos ainda:

O povo sofre quando é explorado pelos chefes

e, não se lembrou Lao Tse, de ter deixado escrito que a felicidade do povo não está certamente em viver na ignorância e ver os governantes, familiares e apaniguados, a encherem os bolsos roubando o que lhe pertence, a ele, povo simples.
Não previu ainda o grande mestre chinês, de nos transmitir que o governante não pode ficar quieto quando um vizinho, primário, ainda mais primário, se possível, lhe dá uma chapada nas ventas, lhe rouba os negócios que com sacrifício do seu país investiu na vizinhança, e sobretudo quando o mesmo vizinho o esbofeteia também na outra face!
Pior ainda: quando um outro vizinho repete a brincadeira, também em duplicado, ao ver a covardia do dirigente do maior país da América do Sul.
Vergonha é o que sentem os brasileiros que pensam. Parece que são poucos. Os outros, a ignorância generalizada, continua a achar que ser (des)governado por um ignorante é que traz felicidade!
E assim vai o mundo.



28-nov-08


do Brasil, por Francisco G. de Amorim

21 de nov. de 2008

Quanto mais conheço os homens... mais aprecio os cães !



A negritude e a estupidez

Depois da brilhante lei que “determina” como se deve preparar uma caipirinha, segundo parâmetros rigorosamente “oficiais”, os nossos queridos deputedos, perdão, deputados, e ministros, continuam a brincar de legisladores, tal como fazem as criançinhas pequenas, quando brincam de Peter Pan, cowboys, polícias e ladrões, etc.
Agora foi a vez de um vicentinho, deputedo, perdão, deputado do “pt” (parido, desculpem, partido dos tarados) propor à assembléia uma nova lei, já aprovada: a do “hino à negritude”, OBRIGATÓRIO, a ser entoado cada vez que se fizer qualquer manifestação que se destine a elevar a (não) raça negra!
Com isto o país vai “progredindo”, rumo a um perigoso apartheid e ao incentivo a confrontos entre peles de coloração diferenciada.
Se a estupidez fosse música, nem Beethoven, Mozart, Tom Jobim, ou qualquer dos grandes mestres, se poderiam comparar à miséria intelectual que reina nesta república das bananas.
Está em estudo outra lei que prevê a obrigatoriedade de guardar 20% dos cargos públicos para peles mais escuras. Há muitos casos de irmãos, de pai e mãe, em que uns nascem muito mais escuros do que outros. Como fazer? Já um dia sugeri a suas insolências a solução: submeter todo o mundo a um controle de refratômetro e estabelecer um valor, acima ou abaixo do qual um indivíduo se encaixa ou não nas situações de privilégio!
Só não se entende é porque ainda não pintaram sexa presidente com graxa preta, para ficar igual ao Al Johnson!
Neste momento, um grupo destes grandes legisladores, sugeriu que se mandasse um grupo dos mais escuros funcionários representar o Brasil na tomada de posse de Barak Obama! Logo do Obama que jamais se referiu ao problema racial, visto que lá todos são norte americanos, e nem nisso quer falar!
Dizem que Deus é brasileiro. Era. Com tanta estupidez e ódio enrustido nas mentes desta canalha que se alcandorou a posições de governação, Deus... mandou-se!
Talvez tenha ido para os EUA ajudar o Obama a convencer este pessoal que não há raças humanas, mas peles diferentes, e que o problema não está na pele, mas na educação e cultura, dois temas tão mal destratados neste continente brasiliense onde as verbas orçadas para esse fim, em vez de terem vindo a aumentar em relação ao PIB, têm sido reduzidas.
Intellectus absurdus est vitando! (O raciocínio por absurdo deve ser evitado!)
Amém.






do Brasil, por Francisco G. de Amorim
20-nov-08

14 de nov. de 2008


Npungo-A-Ndongo / Quedas do Duque / Baixa de Cassange

A Baixa de Cassange, no centro norte de Angola, faz parte de uma zona planáltica com altitude média de 700 metros, onde correm três rios, o Lui, o Cambo e o Cuango, estes dois últimos formando como que os limites dessa região. Para leste, sul e poente o planalto se eleva já para quotas acima dos 1.000 metros. Tem mais de 150 quilômetros de largura ultrapassando os 200 no sentido sul norte, onde confronta com o Zaire. De grande beleza natural, ali se podiam caçar inúmeras espécies de animais, sobretudo antílopes. A 500 quilômetros de Luanda, para ali só se ia quando se dispunha de pelo menos quatro a cinco dias. Caçada de fim de semana a essa distância, para os luandenses, não dava!
Não era difícil encontrar a caça, e junto às margens dos rios proliferavam jacarés, grandes, gordos, não podendo dizer mal da vida!
A caminho dessa região, há dois fenômenos naturais que pela sua beleza e exotismo não podem ser ignorados. Do lado sul da estrada Luanda-Malange, as Pedras Negras, Npungo-A-Ndongo.
No meio de uma extensa área planáltica, a dezenas de quilômetros de distancia começam a recortar-se no horizonte uns imensos blocos de pedra, que não fosse a distância, podiam confundir-se com uma grande manada de elefantes! À medida que nos vamos aproximando, essas rochas crescem de forma desmesurada, até que chegados à sua base se tem então noção do seu tamanho. Algumas passam os duzentos e cinqüenta metros acima do chão! São escuras, como os elefantes. Negras.
A sensação, de longe, é que a manada de elefantes está unida, e então, já mais de perto a imaginação leva-nos a pensar em algum gigante, imenso, que carregou, ninguém sabe de onde, essa pedras monstruosas, como almas penadas, para as deixar ali esquecidas, entregues a si próprias, amontoadas!
E a nossa sensação de pequenez cresce, perante a grandiosidade daquele espetáculo. Em alguns desses imensos blocos graníticos estão marcadas pegadas que parecem de gente e de cães. Ninguém sabe o que é, de quem, de quando. Chamam a algumas pegadas, que pelo enorme tamanho só poderia ter sido deixada por algum patagon, o pé da Rainha Jinga! Contam-se lendas. Tudo ali é mistério, mas um mistério que encanta, pela sua imensidão e beleza. Não sei se há, e onde, algo parecido, mas as Pedras Negras são inesquecíveis.
Para norte da mesma estrada, andados uns cinqüenta quilômetros estão as quedas de água do rio Lucala. Chamaram-se Quedas do Duque de Bragança, em homenagem ao único príncipe português que visitou o ultramar no começo do século XX. Hoje são as Quedas do Calandula.
Descrever quedas d’água não é tarefa muito difícil. Todas são um magnífico espetáculo que a natureza oferece, mais ainda em África, sem poluição, as águas correndo limpas o ano inteiro, a exuberância das matas envolventes, muito verdes e densas, a tranqüilidade da área circundante.
Estas quedas foram durante muito tempo o mais bonito e difundido cartão de visita turístico de Angola.
De qualquer ângulo por onde se olhem proporcionam sempre um espetáculo lindíssimo. De cima tem-se uma visão imponente do conjunto, e ainda do rio, o Lucala, que segue depois sempre aos tropeços em pequenos rápidos até que de repente some terra adentro, para só aparecer alguns quilômetros adiante. Rio de considerável volume de águas, afluente do Quanza, corre parte do seu percurso em galerias subterrâneas, o que é um outro espetáculo incrível.
Na ida ou vinda para os lados de Malange, um desvio para mais uma vez ir apreciar as quedas, era como que um imperativo. Esse desvio obrigava a perder duas a três horas, mas ninguém dava por perdido esse tempo, face à beleza do quadro, sempre de maior imponência durante a época das chuvas, quando o volume de águas aumenta consideravelmente.
Mas continuemos a caminho da Baixa de Cassange. Em Malange há que fazer outro desvio, desta vez para observar mais uma beleza, natural, como muitas outras por esse mundo fora, em vias de rápida extinção.
Um pouco a sul de Malange está o Parque Nacional da Cangandala, reserva da Palanca Preta Gigante (Hippotragus niger variani), um antílope imponente, lindo, com uma armação que chegava a atingir mais de 1,80 m de comprimento! Pelagem negra luzidia, ar majestoso, orelha pequena como um cavalo de raça, com uma altura medida na espádua de cerca de metro e meio. É uma tristeza ver desaparecer da face da terra mais uma das maravilhas que o homem não tem sabido conservar, mas sabe destruir.
A guerra em Angola dizimou a quase totalidade dos poucos exemplares que, sendo únicos em toda a África, ali viviam. Se não está já extinta está condenada a isso, seguindo o caminho das que viveram bem lá no sul, na província do Cabo, na África do Sul, onde foi abatido o ultimo espécime daquela região, por volta de 1800!
As visitas a este Parque sempre foram muito dificultadas pelas autoridades portuguesas de então, que sabiam que a preservação desta variedade única de palancas, dependia de um rigoroso controle. E mesmo em visitas sempre acompanhadas por fiscais, podia de lá sair-se com a frustração de não as ter encontrado. Sempre foram poucos os exemplares, e a área reservada, grande.
Réquiem por essa maravilha que a natureza criou e que talvez a esta hora os homens já tenham liquidado! *
Mas vamos continuar a caminho do nosso objetivo, a Baixa de Cassange, para procurar alguma caça, e sobretudo passar uns dias de muito contato com a natureza, fora de cidades, telefones, problemas, etc.
Perto do local previamente escolhido para caçar, há uma povoação, Xá Muteba, já naquele tempo muito pequena, situada quase no centro da Baixa. Ali havia numa praça (não sei se ainda existe **) um pequeno monumento a um herói bandido português. Uma versão portuguesa de Arsène Lupin, que ficou conhecido pelo Zé do Telhado!
Homem simples, grande e forte, durante as guerras liberais em Portugal vendeu o pouco que tinha para se alistar na guerra que ele pensava que era justa. Perdeu a fação por ele defendida, e os amigos políticos que o engajaram nessa luta, depois de encaixados na nova situação política, abandonaram-no. O trivial na politicagem! Continuando a querer defender os mais fracos, por quem tinha iniciado a sua luta, começou a assaltar casas ricas, distribuindo o produto dos assaltos pelos mais necessitados! Acabou por ser apanhado, preso, julgado, sem que alguém o defendesse, e deportado para Angola. Em Portugal deixou a família e alguns filhos. Em Angola criou outra. Aqui trabalhou com as populações nativas onde angariou fama de homem bom e puro, que era. Depois da sua morte fizeram erguer esse pequeno monumento à sua memória, onde todos os anos a população local lhe ia prestar homenagem!***

* Este texto, de “Contos Peregrinos a Preto e Branco” foi escrito em 1996/7. Parece que hoje, 2008, esta reserva está em recuperação e já por lá anda uma razoável quantidade de animais. Que bom.
** Existe !
*** Ainda hoje esse costume, bonito, se mantém!

13 de nov. de 2008

Desde sempre, mesmo os navios de alto mar, sofriam constantes ataques de piratas e corsários.
Acima, na "velha" Luanda.

A Somália e a pirataria

Navegar nas costas da Somália, desde sempre, tem sido pior do que aventura. Um risco pesado, na maioria das vezes com resultados mortais.
Conta-nos a tradição da história da Etiópia que, no século IV, dois monges sírios, Edésio e Frumenato, conhecido como São Frumêncio, e considerado o fundador da igreja cristã etíope, quando voltavam da Índia, o seu navio foi atacado, saqueado, e os dois eruditos monges vendidos como escravos ao rei de Axum. Isto há cerca de 1.800 anos, e certamente não terá sido o primeiro caso semelhante.
Também sabemos que muitos portugueses que ajudaram o “Preste João” na sua luta contra o conquistador muçulmano, foram aprisionados e esquartejados nas costas da Somália enquanto aguardavam transporte de regresso à Índia e a Portugal.
A “indústria” do resgate foi sempre um negócio, perigoso, mas altamente rendoso. Toda a história nos conta o quanto os povos tiveram que pagar para resgatar seqüestrados ou aprisionados importantes, como Ricardo Coração de Leão, feito prisioneiro pelo duque Leopoldo da Áustria, que o entregou ao imperador Henrique VI, da Alemanha. Só após o pagamento de muito valioso resgate é que conseguiu ser libertado.
Nos nossos dias assistimos com tristíssima freqüência a seqüestros e pedidos de resgate, nas situações mais diversas: nas cidades, e o Brasil já foi mestre nisso, no Iraque e Afeganistão, com os pseudo terroristas políticos, em muito lugares de África, como agora nos Camarões e no Congo, e constantemente na costa da Somália e também do Quênia..
Tudo isto leva a concluir que os ataques terroristas e os subsequentes pedidos de resgate são tão antigos, ou mais, do que a própria história dos homens.
Por muito que queiramos “amar o próximo”, situações como estas são abomináveis, e contra elas a defesa é extremamente difícil. E o estímulo para a sua continuação é a fraca resposta e sobretudo a impunidade dos terroristas.
Parece que o mundo ainda não teve tempo de se debruçar convenientemente sobre o assunto, ou então acha mais barato pagar os resgates do que tentar combater o crime antes que ele aconteça.
O mundo está cada vez mais louco, ou então somos nós que cada dia que passa mais nos espantamos com o maior conhecimento da miséria que sempre imperou, e parece que vai continuar.
Onde acontece a pirataria? Nos países que mal conseguem sobreviver, esmagados pelo peso da chamada cultura capitalista-consumista e, nada tendo a perder, um ataque a navios, a voluntários das organizações de paz da ONU, a médicos Sem Fronteiras, etc., é sempre a hipótese duma boa “loteria”.
Quem nada tem a perder... não perde nada.

do Brasil, por Francisco G. de Amorim
12-nov-08

6 de nov. de 2008

Quanto maior mistura de flores mais bonito o conjunto

A evolução da Terra

Os cientistas resolveram dividir a evolução da Terra em eras geológicas e biológicas, para se ter uma idéia, mesmo que vaga, dos períodos que marcaram as mudanças da vida no nosso planeta. No pré-cambriano terão aparecido as algas verdes e os indivíduos de corpo mole, de que ainda sobrevivem largos milhões ocupando geralmente cargos públicos, parasitariamente, sugando aquilo e aqueles que podem; vem depois o paleozóico com os primeiros seres vivos terrestres e as primeiras florestas que estão a desaparecer, o mezozóico com o jurássico e os dinossauros, o cretáceo com o aparecimento dos mamíferos (de que sobrevivem muitos milhões, os cretinos, também em cargos de (ir)responsabilidade), até chegarmos ao cenozóico e neste ao holoceno, com o domínio do homem, e a conseqüente degradação física e moral do planeta.
Já nesta nossa época podemos apontar outras que marcaram profundamente a evolução: a revolução francesa, a bolchevique, a 2ª Grande Guerra Mundial, o consumo de drogas, o terrorismo com o 9 de Setembro, e agora, finalmente, uma nova esperança apareceu e fez vibrar o mundo inteiro: Barak Obama!
O entusiasmo mundial foi algo nunca visto. Pela primeira vez uma democracia por inteiro! A euforia tomou conta dos povos, na América, Europa, Ásia, Oceania e, como é evidente, em África. Parece a chegada dum novo messias, que trouxe a esperança, a fé na mudança, no diálogo, não de surdos, talvez não entre sociedades, mas entre humanidades.
O mundo que está a perder a fé em Deus, naquele Deus Bom e de Amor, para só acreditar nos deuses do dinheiro, dos guerreiros e dos vingativos, como terá sido, segundo a Bíblia, há milhares de anos, talvez veja nesta nova era a possibilidade de voltar a dialogar com o Outro, talvez lute para não deixar destruir todos os anos os cerca de 25% da produção mundial de alimentos o que os países criminosamente praticam para impedir que os preços baixem, e encontrem um modo de fazer chegar esse alento de vida onde ela está a ser destruída.
Talvez, talvez, talvez... tudo é possível quando se quer.
A trajetória da campanha de Obama foi um permanente e firme desafio à consciência dos povos, sobre a mudança. A mudança não é só assegurar assistência médica para milhões de americanos, ou retirar as forças armadas do Iraque onde entraram para roubar o petróleo. É uma mudança de consciência cívica. Geral. E foi isso que empolgou o mundo e, graças a Deus, tocou fundo na consciência da juventude.
Varreu do mundo a odienta pseudo hegemonia dos brancos. Mostrou que não há brancos nem negros, mas gente. Que não se faz guerra, mas dialoga-se. Levantou-se uma bandeira branca. Pode combater-se o terrorismo, como os vendilhões do templo, mas assim mesmo sem diálogo jamais aquele acabará.
A esperança numa nova era nasceu. Ou antes, renovou-se. Há dois mil anos O Messias deixou uma mensagem semelhante de Fé e Esperança, e deixou-nos o Seu Espírito, para que pudéssemos viver para mudar a face da Terra. Primeiro que destruíssemos o mal que há dentro de cada um de nós, e depois que amássemos o nosso semelhante.
Força, Obama, que o Senhor esteja contigo. Nós também.



do Brasil, por Francisco G. de Amorim
5-nov-08

3 de nov. de 2008

Jovens do Norte de Moçambique com a cara pintada de branco,
com "msirro" para embelezar a pele

O Brasil a caminho do Apartheid !

Grande luta travou, durante mais de trinta anos, o grande Nelson Mandela para alcançar a independência do povo sul-africano e sobretudo acabar com a maior vergonha que ficara do tempo da escravatura, o apartheid! Por todas as razões Mandela é considerado um dos maiores líderes dos tempos modernos e de todos os tempos da história da humanidade. Um grande Homem adorado e respeitado em todo o mundo por gente de todas as tonalidades de pele.
O Brasil, mais uma vez, insiste em caminhar na contramão da história! Um país com um tremendo déficit social, onde só é branco de verdade quem tiver uma grossa soma de dinheiro, mesmo que o não seja, trabalha em várias frentes para criar, estúpida e violentamente, um apartheid, inclusive jurídico!
O nosso incansável (des)governo decidiu agora criar novas delegacias de polícia, unicamente reservadas para queixas apresentadas por descendentes de africanos! Se um indivíduo, tipo ou parecido com caucasiano, for agredido, assaltado, maltratado, levar um tiro, morto ou receber outras meiguices semelhantes, não poderá queixar-se nessas delegacias! Mesmo que tenham sido os mais escuros que o assaltaram! Só o inverso é aceitável, e como se está mesmo a ver a isenção da investigação será...
Se alguém for chamado de neguinho ou negão, apelido que até hoje existe mesmo entre os mais amigos e até no seio das famílias, pode queixar-se nessas delegacias. E tem ganho de causa rapidinho. Mas se um caucasiano for chamado de branquela, alemão ou gringo, bem pode ir chorar para a praia, ajudar a maré a encher que ninguém o vai ouvir.
Algumas universidades já reservam até 60% das vagas para epidermes mais escuras, mesmo que os alunos não tenham atingido sequer 50% da classificação que deveria ser indispensável para acessar ao ensino superior, o que significa que estamos a produzir ainda mais burros diplomados do que, infelizmente, já grande quantidade existe, porque depois as universidades não podem apresentar um índice de reprovação de 70 ou 80%! Vão ter que os diplomar “na marra”, e o país... que se dane.
Mas entretanto, dentro do mesmo conceito de intelectualidade no (des)governo, o ministério da agricultura acaba de publicar uma peça de antologia que mete num chinelo toda a produção literária de Machado de Assis a Guimarães Rosa, não esquecendo Jorge Amado nem Luis Fernando Veríssimo. Ora deliciem-se:

Diário Oficial' publica regra para fazer caipirinha
O Ministério da Agricultura publicou, no Diário Oficial da União de sexta-feira, um regulamento técnico que estabelece "padrões de identidade e qualidade" para se preparar uma autêntica caipirinha. Segundo a publicação, as regras servem tanto para a bebida produzida no Brasil quanto à feita no exterior.
O regulamento, assinado pelo ministro Reinhold Stephanes, explica que os principais ingredientes são a cachaça, o limão e o açúcar. "O açúcar aqui permitido é a sacarose - açúcar cristal ou açúcar refinado -, que poderá ser substituída total ou parcialmente por açúcar invertido e glicose, em quantidade não superior a 150 g/l e não inferior a 10 g/l, não podendo ser substituída por edulcorantes sintéticos ou naturais", detalha o texto.
Além disso, o regulamento do ministério informa que o limão pode ser usado em sua "forma desidratada". A água pode ser adicionada à bebida alcoólica, mas apenas com objetivo de "padronização da graduação alcoólica do produto final", que deve variar entre 15% e 36%.

FINALMENTE alguém aqui descobriu como se faz uma caipirinha! O povo brasileiro, e o estrangeiro, porque a LEI engloba também as caipirinhas feitas tanto no Japão como na Alemanha e até no Kosovo ou na Geórgia, agradecem penhoradamente a sexa o ministro – que Deus lhe perdoe tamanha mediocridade! – a receita “oficial”. O Reinhold devia estar de cara cheia ao se lembrar de publicar semelhante manifestação de...
Eu que bebo uma caipirinha lá de quando em vez... vou ter que tomar muito cuidado ao preparar a próxima, não vá cair das garras da lei!
Bons tempos os de Machado de Assis quando as crianças brincavam com papagaios e não com pipas e os passageiros dos transportes coletivos, se deslocavam em diligências, gôndolas, ônibus puxados a burros ou mulas, mais tarde nos bondes, e os que subiam os morros utilizavam as maximbombas, mas... podiam, em qualquer lugar, beber caipirinha a seu gosto, sem controle ministerial ou policial!
Que Deus nos dê a virtude da paciência para agüentar tanto erro, que o povo não merece.


do Brasil, por Francisco G. de Amorim

3-nov-08