10 de mar. de 2009


Pode-se “fabricar” um povo?
- 4 e último -
Os “irmãos” na Palestina

Com a agonia do Império Otomano, e a conseqüente desagregação das regiões e países/povos a ele submetidos, no século XIX o médio oriente era quase totalmente dominado – administrado ? – pela Inglaterra e França.
Após a conquista pelo Egito da Síria e Anatólia, a Rússia acabou por intervir e a Turquia tornou-se uma espécie de protetorado da Rússia. Os ingleses apoiavam a reestruturação do império Otomano e os franceses tomaram o partido dos “rebeldes” egípcios.
Todo o Magreb, a Síria, Iraque, Palestina, a maior parte da Arábia e do Irão, e até o Egito “conquistado” com dinheiro, ficaram sob a custódia da França e Inglaterra, deixando à Itália a Cirenaica.
Em meados do Século XIX surgem, com esta confusa situação, os oportunistas “pensadores-historiadores” judeus, rebuscando passagens na Bíblia, para se autodenominarem um povo, uma etnia unida pelo sangue, e não um povo unido por uma crença ou religião e, em face da humilhação e desunião em que viviam os povos árabes, a exigirem a criação dum estado judaico.
Judeu passou a ser unicamente o descendente de Abraão, através de Isaac. Ismael, filho da escrava Hagar tinha, de acordo com as antigas leis, o mesmo direito que o irmão, e era o primogênito, mas Sara, invejosa, obrigou o velho Abraão a expulsar o que não saíra do seu ventre! Começa aqui a mentalidade racista! (Já fora a Eva que dera cabo da vida de Adão!)
Em época de grande fome, Isaac e sua linda mulher, Rebeca, foram recebidos e muito bem agasalhados pelos filisteus, os palestinos!
Diz a Bíblia que após regressarem, Rebeca, estando grávida e passando mal, consultou a Deus que lhe terá dito que ela aguardava dois filhos! Ela sentiu os fetos agitarem-se no seu corpo e logo “determinou” que eles já estavam lutando antes mesmo de nascer. (Alguém acredita que Deus terá falado com Rebeca?)
Mais tarde, Isaac a morrer, Rebeca engana o moribundo fazendo-o abençoar a Jacob, secundogénito apesar de gêmeo, em detrimento de Esaú, o que mostra uma vez mais como as lutas e as traições começam, cedo, no meio daquela gente.
Entretanto os judeus, que em vários milhares de anos se havia espalhado o judaísmo pelo mundo, pelas regiões mais ricas e comerciais, sobretudo a bacia mediterrânea, começam a querer acreditar na propaganda do “grande exílio” a que teriam sido submetidos quando da destruição do “segundo” templo de Jerusalém, em 70 d.C., pelos romanos. Alguns escritores chegam a afirmar que os romanos terão morto um milhão e cem mil judeus além de noventa e sete mil feitos prisioneiros! Jerusalém nessa época, talvez nem tivesse oitenta mil habitantes, e a maioria dos que lá vivia... lá continuou.
Reclamam a terra de seus “ancestrais”! Um dos primeiros passos foi começar a recolher dinheiro de askenazi e mandar comprar terras na Palestina. Compraram muita, e assim foram empurrando povos palestinos para fora de suas terras.
Paralelamente dedicaram-se, e ainda hoje, ao princípio de que judeu é uma etnia e não uma religião. Só os descendentes diretos de Abraão, via Isaac, são os “autênticos” judeus, os que “têm” direito a ocupar a terra de Canaã, e a desenvolver todos os esforços possíveis para concretizar a “volta a Sião”.
Tão ferozes foram nas suas intenções que, dentro da Alemanha se declararam um povo aparte, quando o germanismo, também feroz e racista, criava o principio do arianismo a que tão fortemente Hitler se agarrou. Consideravam-se judeus alemães e não alemães judeus! Foram cutucar em ninho de jararaca!
A insensatez chegou ao ponto de um professor judeu israelita, que já vivia em Tel Aviv, ter ido a Berlim consultar um dos piores carrascos de Hitler, no princípio dos anos 30 do século XX! O carrasco defendia a teoria da pureza da raça germânica e sua origem ariana, e o judeu a judaica em linha direta, desde Abraão! Sem se entenderem, nem discutirem qual a melhor, concluíram que se um estava certo o outro não estava errado. O professor judeu saiu do encontro feliz com a sua crença! Não tardou a começar na Alemanha a “limpeza étnica”. Os primeiros a pagarem essa criminosa loucura foram os ciganos, de quem aliás ninguém fala, porque lhes falta força política e financeira. Logo a seguir os próprios judeus!
Um outro “intelectual”, tornou-se admirador e seguidor das práticas de Hiltler. Quando este transferiu um milhões e meio de poloneses e judeus e os substituiu por alemães, escreveu: “O mundo se acostumou à idéia de migrações em massa e quase se pode dizer que passou a gostar delas. Hitler por mais odioso que seja para nós, deu excelente reputação a esta idéia!” Apesar de, como diz, ter odiado o louco nazi, ainda teve o desplante de afirmar que “um acordo voluntário entre nós (judeus) e os árabes da Palestina (não falou em Israel) é inconcebível, atualmente ou num futuro previsível, precisamente porque eles não são um mero ajuntamento mas uma nação viva”!
Com todo o seu poderio financeiro e a imensa propaganda que lhes valeu o holocausto, e porque os Estados Unidos não queriam aceitar mais imigrantes judeus, decidiu-se procurar uma “terra” para onde pudessem ir. Foi-lhes oferecido uma parte da África do Sul, Uganda ou Madagascar, sem ninguém levar em consideração os nativos destas terras. Mas eles queriam Canaã. A Palestina.
Na confusão do final da II Guerra Mundial, os ingleses capitularam perante a insistência sionista e a ONU concedeu uma área grande de terra, para se criar o Estado de Israel. Fácil foi oferecer algo que não lhes pertencia!
Logo de entrada, na própria constituição israelense, se declara que são cidadãos do Estado de Israel todos os judeus “de sangue” de todo o mundo. Os prosélitos, os convertidos, diz a Tora, são como psoríase! Quer dizer, podem praticar o judaísmo, mas são nojentos!
Se assim pensam em relação a outros judeus imagine-se o que pensam em relação aos palestinos a quem roubaram as terras!
A certa altura, com falta de mão de obra para os kibutz, Israel lembrou-se dos seus “irmãos” negros, os falachas da Etiópia. Com a miséria secular que reina neste país, logo de entrada largos milhares se ofereceram para imigrar. Mas nem todos foram aceites. Ainda hoje há uma espera angustiante daqueles que acreditando ser judeus não conseguem seguir para a “Terra Prometida”, onde nunca se integram, porque etíope negro, de certeza não será descendente de Abraão. Pode ser de português. Das centenas destes que no século XV por lá ficaram a tentar ajudar o rei cristão, e criaram famílias.
Hoje Israel, dependente de mão de obra barata e de maciças subvenções externas, continua a não olhar para os verdadeiros nativos da Palestina. Afasta-os, despreza-os, não lhes dá o direito de voto nem de cidadania.
O que esperam que aconteça? Um milagre do Deus do Antigo Testamento, feroz e vingativo? Que os judeus do resto do mundo se cansem de subsidiar um estado racista? Que os árabes fiquem mais 100 anos com aquele espinho atravessado na garganta?
Morrer na Jihad é uma honra e uma benção para qualquer muçulmano. Por isso os ataques idiotas do Hamas com bombinhas.
Se não se olhar para o “Outro” com olhos de irmão... o conflito continuará a eternizar-se!
do Brasil, por Francisco G. de Amorim
10 mar. 09

Um comentário:

Ivo Korytowski disse...

Os judeus somos um povo que habitou a Palestina na Antiguidade, sendo de lá expulsos por ousarmos afrontar o Império Romano (melhor sorte tiveram os vietnamitas ao afrontarem o Império Americano). O movimento sionista, de retorno dos judeus à Palestina, surgiu em meados dos século XIX em face do antissemitismo europeu, que culminou com a matança de milhões de judeus durante o regime nazista. Com a expansão árabe (que chegou até a Península Ibérica), a Palestina foi islamizada. Muçulmanos e judeus conviviam em relativa harmonia por todo o Islã, em contraste com as perseguições sofridas pelos judeus no mundo cristão decorrentes da acusação de deicídio (acusação absurda). Se a partilha preconizada pela ONU em 1948 tivesse sido implementada, judeus e palestinos viveriam em harmonia. Infelizmente, o recém-criado Estado de Israel foi atacado pelos exércitos dos países árabes, dando origem ao imbroglio que se arrasta até hoje. Estes são os fatos. O resto (o que você escreve na sua crônica) são teorias conspiratórias antissemitas delirantes.