13 de nov. de 2008

Desde sempre, mesmo os navios de alto mar, sofriam constantes ataques de piratas e corsários.
Acima, na "velha" Luanda.

A Somália e a pirataria

Navegar nas costas da Somália, desde sempre, tem sido pior do que aventura. Um risco pesado, na maioria das vezes com resultados mortais.
Conta-nos a tradição da história da Etiópia que, no século IV, dois monges sírios, Edésio e Frumenato, conhecido como São Frumêncio, e considerado o fundador da igreja cristã etíope, quando voltavam da Índia, o seu navio foi atacado, saqueado, e os dois eruditos monges vendidos como escravos ao rei de Axum. Isto há cerca de 1.800 anos, e certamente não terá sido o primeiro caso semelhante.
Também sabemos que muitos portugueses que ajudaram o “Preste João” na sua luta contra o conquistador muçulmano, foram aprisionados e esquartejados nas costas da Somália enquanto aguardavam transporte de regresso à Índia e a Portugal.
A “indústria” do resgate foi sempre um negócio, perigoso, mas altamente rendoso. Toda a história nos conta o quanto os povos tiveram que pagar para resgatar seqüestrados ou aprisionados importantes, como Ricardo Coração de Leão, feito prisioneiro pelo duque Leopoldo da Áustria, que o entregou ao imperador Henrique VI, da Alemanha. Só após o pagamento de muito valioso resgate é que conseguiu ser libertado.
Nos nossos dias assistimos com tristíssima freqüência a seqüestros e pedidos de resgate, nas situações mais diversas: nas cidades, e o Brasil já foi mestre nisso, no Iraque e Afeganistão, com os pseudo terroristas políticos, em muito lugares de África, como agora nos Camarões e no Congo, e constantemente na costa da Somália e também do Quênia..
Tudo isto leva a concluir que os ataques terroristas e os subsequentes pedidos de resgate são tão antigos, ou mais, do que a própria história dos homens.
Por muito que queiramos “amar o próximo”, situações como estas são abomináveis, e contra elas a defesa é extremamente difícil. E o estímulo para a sua continuação é a fraca resposta e sobretudo a impunidade dos terroristas.
Parece que o mundo ainda não teve tempo de se debruçar convenientemente sobre o assunto, ou então acha mais barato pagar os resgates do que tentar combater o crime antes que ele aconteça.
O mundo está cada vez mais louco, ou então somos nós que cada dia que passa mais nos espantamos com o maior conhecimento da miséria que sempre imperou, e parece que vai continuar.
Onde acontece a pirataria? Nos países que mal conseguem sobreviver, esmagados pelo peso da chamada cultura capitalista-consumista e, nada tendo a perder, um ataque a navios, a voluntários das organizações de paz da ONU, a médicos Sem Fronteiras, etc., é sempre a hipótese duma boa “loteria”.
Quem nada tem a perder... não perde nada.

do Brasil, por Francisco G. de Amorim
12-nov-08

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